I. O Plano de Metas

Durante o governo de Juscelino Kubitscheck, o Brasil viveu o auge do período da industrialização brasileira. A modernização do país era o eixo do discurso do candidato e a construção de uma nova capital não só se encaixava perfeitamente nesse discurso, como passou a simbolizar a própria modernidade. O principal objetivo do Plano de Metas era estabelecer as bases de uma economia industrial madura no país, introduzindo o setor de bens de consumos duráveis. Ele priorizou a substituição de importações nos setores de bens de capitais e bens de consumos duráveis. O Estado continuou a financiar grande parte das indústrias através de emissões de moeda e empréstimos externos. O governo também concedeu incentivos ao capital estrangeiro, como a instrução 113 da SUMOC (Superintendência da Moeda e do Crédito), que permitia investimento direto sem cobertura cambial e importação de máquinas e equipamentos do exterior, sem impostos, desde que os empresários estrangeiros tivessem sócios nacionais. Outro incentivo dado foi a isenções fiscais e garantias de mercado (protecionismo para novos setores). Desta maneira realizou-se a abertura do mercado nacional para as grandes empresas estrangeiras, que passaram a investir maciçamente no Brasil, numa época onde havia disponibilidade de capitais devido à retração da indústria de guerra. O Plano de Metas pode ser dividido em três objetivos principais: - Investimentos estatais em infra-estrutura, principalmente nos setores de transporte e energia elétrica. O governo JK deu prioridade ao setor rodoviário em vez do ferroviário, para atingir o objetivo de introduzir o setor automobilístico no país; - Estímulo ao aumento da produção de bens intermediários, como o aço, o cimento, o zinco, o carvão, etc...; - Incentivos à introdução dos setores de bens de consumo duráveis e bens de capital; O Plano também visava impedir que pontos de estrangulamento aparecessem na oferta de infra-estrutura e bens intermediários para novos setores e, através dos investimentos estatais, garantir a demanda necessária para a produção adicional. Outros setores eram tomados como pontos de germinação, onde o investimento neste gerava demandas derivadas que acarretavam novos investimentos, sustentando a taxa de crescimento do país. II. Conseqüências do Plano de Metas Durante esse período a taxa de crescimento real da economia foi de 7% ao ano e a produção industrial cresceu 100%. Apesar do crescimento da produção interna, cresceu também a dependência tecnológica, pois as empresas aqui instaladas continuavam a importar máquinas, e a dependência financeira foi fruto do endividamento e das remessas de lucros realizadas pelas multinacionais. O crescimento urbano foi acompanhado foi acompanhado pelo crescimento de uma "classe média", em grande parte vinculada ao setor de serviços, ampliando-se também o consumo. Ocorreram também mudanças estruturais, em termos de base produtiva. Durante o governo de JK ocorreu o pior desempenho da agricultura na época, o que já estava previsto no Plano, que praticamente desconsiderou a questão social e a agricultura. O principal objetivo, a rápida industrialização, foi atingido principalmente a partir de 1958. A aceleração inflacionária ocorreu devido à emissão de moeda. Do ponto de vista externo ocorreu uma deterioração do saldo em transações correntes e o crescimento da dívida externa. A concentração de renda elevou-se pelo desestímulo a agricultura e investimentos de capital intensivo na indústria.